Introdução

Pretende este blog voltar a unir continentes, pelos quais se encontram distribuidos amigos de longa data. Da China aos EUA, da Austrália à velha Europa, será com um olhar Lusitano que descreveremos os lugares e contaremos as histórias que fazem o nosso dia-a-dia, num mundo onde as diferenças jamais separam pessoas.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Todos têm direito!

E então a publicidade deste melro?

Não há direito!

Um gajo já não tem direito à sua privacidade...

sábado, 1 de novembro de 2008

Para a posteridade

Quando pensávamos que com W. Bush a América batia no fundo, ficamos a saber que ele há uma Sarah Palin. Que Terça-feira venha rápido!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Barroso


Acabei de encontrar esta foto no site "The economist"
(http://www.economist.com/displaystory.cfm?story_id=12470591&fsrc=nwl)

sábado, 11 de outubro de 2008

Flashback 2 (cont.)


E, mesmo ao lado do Central Park...


O pulmão de Nova Iorque


"Banco e Lua" e companhia


Que pena estar fechado neste dia...


Chrysler Bldg., na única forma que encontrei de o captar


Grand Central Station
(curiosamente, nenhum filme estava a ser rodado aqui, neste dia)



Adivinhem


Imaginem isto à noite


Lower Manhatan, lá ao fundo


Chrysler Bldg. e UN Bldg., entre outros.


Regra dos 45º



MoMA



Ground Zero, 9/11

Flashback 2

E, dia 10 de Agosto, regressei a Hartsville. A noite anterior, passada na nossa casa da Amorosa, passei-a em claro. Todos os momentos desfrutados nos dois meses anteriores vinham-me à memória e condensavam-se em sucessões de instantes que, de tão carregados de sentimentos e sensações, me impediam de adormecer; como se o cérebro me dissesse que, se o fizesse, poder-se-iam perder para sempre. Os meus pais, os meus irmãos, a minha cunhada, a minha avó e tia avó, os meus primos e tios, os meus amigos com quem tinha estado, os meus amigos com quem não tinha chegado a estar (inércia, a quanto obrigas...), os meus pais outra vez, os meus irmãos..., até aquele vinco no sofá da sala ou o mosquito que teimava em picar-me, me voltavam a ensinar que a expectativa da saudade é sempre mais forte do que a saudade em si, que o momento antes da partida pode ser tão doloroso como qualquer outra perda. Umas horas depois estava no avião (esse não-lugar por excelência, onde a vida parece ficar em stand-by até ser retomada noutro sítio qualquer) e tudo recomeçava.
Cheguei a Charlotte por volta das quatro da tarde, e meia hora depois voltei a encontrar o Daniel e a Celine. Às sete já estava em Hartsville. Um telefonema para casa, as malas mais ou menos desfeitas, e mais uma noite mal dormida. No dia seguinte ligava o computador e o skype voltava a ser o meu melhor amigo.
O início do ano lectivo foi completamente diferente do anterior. Todas as reuniões na semana que antecedeu o início das aulas propriamente ditas foram de uma monotonia só quebrada pelos arrepios de frio proporcionados por um ar condicionado exageradamente frio. Já sabia aquela treta toda. As novidades nos procedimentos escolares apresentadas para este ano eram mínimas. Estava pronto para receber os novos alunos. E, antes que dissesse "porra, vamos lá despachar essa merda!", já tinha 85 novas caras à minha frente. Completamente diferentes, estes alunos (ou este professor) em relação aos do ano passado. Agora posso dedicar-me mais a melhorar a qualidade das minhas aulas. E continuar a aprender. Foi para isso que para cá vim.
Quer dizer, não só! Se estou na América, devo aproveitar para conhecer a América. No entanto, já me tinha apercebido no ano anterior que, se o quisesse fazer, não poderia contar com a malta de Hartsville (mesmo aqueles que estão abaixo da média etária dos 150 anos). Aqui, a ideia de socialização tem obrigatoriamente de passar por um blood drive, um food drive, um bake sale ou uma outra qualquer iniciativa de angariação de fundos para a igreja X, a associação de beneficiência Y, ou o catano mais velho Z. Nada contra, mas... porra! Será que o prazer de estar com outras pessoas não é uma virtude em si mesma? Não, num país contruído com base na noção individualista do self made man, num país de estados sem providência, onde a idéia de comunidade e todo este tipo de merdas servem de contraponto, nomeadamente à sua consciência.
Mas há males que vêm por bem e assim, depois de contados e recontados os trocos, meti-me num avião e fui ter com o Miguel, que estava de visita a Nova Yorque. Foi no dia 11 de Setembro.

Flashback 1 (cont.)

Braga, jantar de despedida, 09 de Agosto.


Braga, 07 da manhã, depois do Insólito


All Garve


Algarve


Taça inter-totós


Ida a Boticas (e Chaves)


Lisboa, início da tarde


Lisboa, final da tarde


No concerto do Cohen (já não preciso de plantar uma árvore ou de escrever um livro)


Em Tibães


O chave! O chave!



Braga Braga Braga

Flashback 1

Cheguei a Braga constipado. Era o dia 8 de Junho, um Domingo, pelo que a bebedeira à noite não estava garantida. Umas horas depois, reparava que a preocupação tinha sido em vão. Em casa dos meus pais (o meu pouso nos dois meses seguintes, uma vez que a minha casa continuava alugada) a minha avó e tia-avó. Uma hora depois, toda a minha família de Braga. E o queijo, o chouriço, os croissants, os bolinhos e os pastéis: era a hora do lanche. E os meus primos a anunciarem que vão ser pais outra vez e que eu vou ser padrinho. E o início de uma sensação de bem-estar e gratidão por tudo e todos que tenho em Braga e um pouco por todo o país, que me havia de acompanhar ao longo das férias.
Não cheguei a passar férias fora do país, como me tinha proposto. O câmbio dólar-euro e o bilhete de avião de regresso à América lixaram-me o esquema. Bem, na verdade minto: numa tarde que muitas preocupações deu aos meus pais, por andar sem telemóvel (vicissitudes da tecnologia e do facto de estar a morar em casa deles) fui a Espanha dar uma mija. Tive de pegar no carro depois de almoço para levar a minha irmã ao trabalho (eu era o único de férias naquela altura) e não consegui pará-lo. Como muitas vezes faço, fui indo, indo em direcção à Natureza do Alto Minho, que nunca deixa de me fascinar, e quando dei por ela estava para os lados do Lindoso. Atravessei a "fronteira", apanhei-me numa estrada sem movimento, parei o carro na berma e senti a frescura da montanha em todo o seu esplendor. Aliviado, virei à direita no cruzamento seguinte e voltei a entrar em Portugal dez minutos depois na Portela do Homem. De resto, passei todos os outros 61 dias dentro do resctângulo. Seguem-se algumas fotos dessa temporada.

Act II

São dez e meia da manhã de um vulgaríssimo Sábado em Hartsville. Cai aquela chuvinha molha tolos lá fora, pelo que antevejo mais um fim-de-semana colado ao computador. Começo a fazer a lista de dvds que tenciono ver (o Natural Born Killers que encontrei ontem a 5 dólares no Wall-Mart, um tal de Street Kings que o Daniel alugou ontem, e uma caixa com todos os episódios do Duckman - ainda se lembram?). Para além disso, terei de arranjar tempo para limpar o meu quarto, pôr um pouco mais de ar na minha cama de 10 dólares, e passar, novamente, todas as minhas camisas a ferro. Ainda assim, parece-me um fim-de-semana em cheio para um europeu a morar em Hartsville. Mas antes de me refastelar na cadeira, uma vista de olhos pela actualidade do meu país e por alguns blogs de amigos. E já agora, e só por descarga de consciência, vou clicar no pangeia, quanto mais não seja para ver se o blogger ainda não o limpou do cibermapa.
Eh lá, o que é isto? Será que me enganei no link? Não, estou a ver o logotipo animado do blog, mas não estou a ver aquela foto de mim e do Daniel na cerimónia de graduação de Junho passado. Aquela foto com cibermofo que, há quatro meses no topo da página, era por mim vista como a tampa no caixão do pangeiaxxi.

Mas é que ele há o Nebes! E o Nebes é um sleeper. E, como todo o bom sleeper, ataca no dia D, na hora H e com o timing T. E salva o blog do que parecia inevitável.

Já começou, portanto, a season 2 do pangeiaxxi.

Um bom fim-de-semana para todos!

sábado, 27 de setembro de 2008

Rescaldo do debate McCain Obama

Germania 3 - Riba d'Ave 1

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

sábado, 7 de junho de 2008

The graduate



Pois é! O meu primeiro ano na América acabou. E acabou como começou: com aquele calor sufocante de 40 graus. Imaginem pois o sufoco, ontem, no estádio de futebol, na cerimónia de graduação, ainda por cima vestido com aquela fatiota preta... Mas no Domingo já me vou poder queixar do Verão que ainda não chegou a Portugal...
E no fim de dez meses a trabalhar nos States o que é que fica? Pergunta ingrata esta, sobretudo se feita a quente. Mas nos anos que virão, num daqueles momentos de saudosismo que em mim são recorrentes, ir-me-ei lembrar, concerteza, da excitação dos primeiros dias em Raleigh, no meio de professores de todo o mundo; da chegada à escola e da avalanche de informação a que fui sujeito; do primeiro dia de aulas, para o qual fui de fato (ridículo...); dos miúdos a levantarem-se enquando eu escrevia no quadro para ligarem as torneiras do gás (ainda mais ridículo...); de estar às dez horas da noite com as mãos na cabeça sem saber o que fazer para o dia seguinte; de olhar para o calendário e não ver chegar o dia de voltar a Portugal; de achar a América um país bem mais atrasado que Portugal (em algumas coisas, ainda acho); da famosa curva em U, afixada na parede, e de ver, mês a mês (eixo dos xx) confirmadas as suas previsões (eixo dos YY); de começar a sonhar em inglês e reparar que o pior já tinha passado; de ter alunos que, no meio da confusão que foi o primeiro semestre, me vêm dizer que gostaram das minhas aulas; de ouvir pelo menos três vezes "hey Mr. Miranda!" por cada ida ao Wal-Mart; da odisseia da carta de condução (que ainda não acabou!); do carinho e simpatia do povo americano (pelo menos por estas bandas); da barata a passear na minha cara; do Daniel e da Celine; de um montão de coisas que aprendi sobre o mundo e sobre mim mesmo.
Venha o segundo ano de América, mas entretanto...

...F É R I A S ! ! !

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Bora lá dançar o bira!


Clayton e Nick (Janika atrás)

Mais pupilos e mais pupilas

James


Phylneishia


Antonio, Nick, Janika, Monica e Quadeidra


Damien, Antonio e Nick

sábado, 10 de maio de 2008

Pupilos e pupilas

Jaquetta, Tyniesha e Mr. Miranda. Atrás, Joshua.
Clayton, Quadeidra, Norman e Damian
Antonio, Norman, Quadeidra e Clayton. À frente, Zach.
Daniel, Brianna e Ronald

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Update


Serve este para contar-vos que ontem dormi com uma destas. Acordei enquanto se passeava pela minha bochecha. Depois morreu.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Associated Press: "China censura pangeiaxxi"

Alguns dos estimados leitores deste blog poderão, amiúde, pensar: "Estes gajos são idiotas?" E se a resposta é, claramente, "SIM", já o seu motivo não é aquele que faz levantar a questão.
É verdade que se pode ler no cabeçalho do Pangeia que "da China aos EUA, da Austrália à velha Europa, será com um olhar Lusitano que descreveremos os lugares ...", donde se subentende que deste blog fará parte alguém que se encontra, neste momento, na China. Contudo não se vislumbra, para além da supracitada, nenhuma outra referência ao país que inventou o fogo de artifício e uma forma de comunismo que faria Karl Marx engolir duas granadas. É, deveras, devido a tão inacreditável sistema político que não temos notícias da China. O pangeiaxxi deve ser por aquelas bandas considerado universalista demais e um atentado à segurança interna. Estamos censurados!
E a razão porque digo que não estamos a querer iludir o respeitado leitor é que temos a Xana em Xangai. E embora não consiga aceder ao blog, ainda vai conseguindo mandar uns emails que, talvez por estarem escritos em português, escapam ao lápis azul oriental. O que se segue é o email que acabei de receber da Xana, sem qualquer alteração. Por motivos de força maior, vai com o meu nome:


Caros amigos,
Olá! Sei que há séculos que não escrevo. Mil desculpas. Não tenho nada contra vocês… tenho é muito trabalho e cansaço ao fim do dia, e para dizer a verdade, não tenho tido novidades para contar. Agora que algo de diferente aconteceu e que tive de ficar em casa por causa de uma faringite, resolvi, finalmente, escrever-vos.
Na cidade das inaugurações de exposições de pintura, aconteceu, finalmente, um evento de moda (para além das feiras de moda, claro está). José Chan, designer de moda com coração brasileiro mas raízes chinesas e moçambicanas, apresentou o seu olhar sobre a cultura chinesa perante o uso da bicicleta.
A roda da bicicleta, que gira em torno da vida e que muda a vida foi o tema da colecção que apresentou no Shanghai Studio, galeria de arte e bar, no passado 12 de Abril. A colecção de Primavera / Verão, de 6 coordenados masculinos e 6 femininos exibia uma paleta de cores fresca, positiva e leve, numa abordagem optimista e esperançosa perante a luta diária da classe pobre chinesa controlada pelo comunismo, representada por fatos pretos. Os fatos tinham por base a forma do círculo, reinterpretada.
Na performance, os manequins de nacionalidade brasileira dançavam ao som da música do seu país, cantada ao vivo por uma cantora de Bossa Nova (adivinhem quem…). A plateia que assistiu ao desfile era constituída por designers, marketeers, artistas plásticos e críticos de arte. O impacto foi bastante positivo, o público colaborou com os manequins, dançou também e disse que o desfile tinha sido impressionante.
Para dizer a verdade, a abordagem da colecção foi surpreendente, pois para quem vive em Shanghai há alguns meses, o impacto positivo que a cidade nos dá no início pela sua grandiosidade e pluralidade é difícil de se manter, após a constatação da realidade dura da vida dos chineses em contraste com a dos ocidentais. No fundo, a abordagem de Chan foca-se na esperança dos chineses e não na visão crítica dos ocidentais sobre o seu quotidiano.
Para além desta novidade, a única coisa interessante foi a minha viagem a Xi’an para ver os guerreiros de terracota (impressionante, de tirar a respiração, indescritível). Para além dessa viagem, fiz duas viagens pela China em trabalho; voei para duas cidades para promover a nossa escola, mais precisamente, o curso de design de moda. Foi um pouco assustador ver o que aqui chamam de escolas secundárias: instalações sem as mínimas condições, sem aquecedores, casas de banho sem água, janelas de vidros partidos, cadeiras de plástico… enfim. Até me perguntei por que motivo me tinha deslocado a tais sítios, sendo que a nossa escola é para chineses ricos…
Em relação às aulas, tudo bem. Até agora já leccionei 6 disciplinas diferentes, porque os professores são também máquinas J. Os alunos são ricos e mimados e vão para casa de BMW descapotável, têm a última versão do Hi-Pod e o Mac Book Air (a professora vai para casa numa bicicleta). É preciso contar até 20 para não os fazer perder a face, pois são muito sensíveis… e preguiçosos. Mas a culpa é do professor, claro está, que não lhes dá trabalhos interessantes para fazer (entenda-se por interessantes os trabalhos da escola primária, pois o ideal são trabalhos inspirados na Hello Kitty e nos desenhos animados japoneses – o “cute” é a palavra de ordem). Sou tão mazinha… Bem, mas a verdade é que alguns também têm talento, há que admitir.
Ah, a minha próxima viagem será a Beijing, em Maio… que bom! Por falar em viagens, espero também visitas! A minha tia vem daqui a uma semana e a Liliana, Pedro e Ei Ei vêm também cá, logo a seguir. E vocês?
Em relação a amigos aqui, tenho-me "cingido" aos colegas de trabalho e a uma amiga chinesa que fala um pouco de inglês e que trabalha numa loja de roupa (claro!). Quanto à Peggy, não temos mantido contacto, tenho de ver se nos encontramos um dia destes.
Em relação a vocês, espero que estejam mesmo todos bem. Gostava de saber também como é que vocês estão. Agora que já tenho Internet em casa, é mais fácil para mim responder aos vossos e-mails, já que no escritório era difícil, com os tais 4 computadores disponíveis.
Mil beijinhos!!!! Saudades…
Xana



P.S.: Era minha intenção publicar as fotos que recebi, mas o blogger não me quer deixar... Tentarei mais tarde. Pode ser que seja uma daquelas coisas...

Poema de Marcial

Estejamos onde estivermos no mundo continua a fazer sentido:

Se és pobre, serás sempre pobre, Emiliano.
hoje as riquezas vão para os que já as têm.


Marcial
40 - ? d.C.
traduzido por Alberto Pimenta

Maravilhas da técnica



Lembram-se de uma foto que tirei em Charlotte ao Bank of America? Acabei de tirar outra, muito parecida, mas usando a nova versão do google earth. Como dizia a outra, ele há cada uma que parece duas!!!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Dados recolhidos pelo INE junto de 17,4 pessoas.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Estarão os pangeios cheios?- III

Abriu-se uma clareira no meio da multidão quando o espontâneo orador iniciou o seu discurso. Todos estranhavam o seu traje, a sua dicção irrepreensível, o seu tom formal; depressa, no entanto, a personagem foi explicada. Tratava-se do Mordomo Real que, dizendo-se preocupado com a inquietação do povo e com o desgostoso estado do monarca, subtraíra-se momentaneamente às suas funções, tendo vindo expor o que lhe parecia uma estratégia para conseguir uma reacção Real. A ideia era simples, afirmava. Os habitantes de PangeiaXXI talvez não o soubessem mas o Rei Sérgio devia parte das suas excelsas qualidades não apenas de estadista mas também humanas a um conhecido elixir de tonalidade dourada, ligeiramente gaseificado, cujo nome era bem indicativo da sua acção. Chamava-se Super. O uso de Super era de resto generalizado, mas no caso particular do Rei Sérgio a sua acção era extraordinária. O plano do Mordomo visava pois suspender o abastecimento de Super à Casa Real, com o objectivo de obrigar o Rei Sérgio a "sair da toca". Com o mesmo objectivo, e como último recurso para tentar a privação do monarca, o Mordomo propôs que se realizasse uma grande festa temática na praça defronte da Casa Real sete dias depois do início do boicote que começaria nessa noite. Seria, naturalmente, uma festa de Super. O plano foi bem recebido por todos e considerado democraticamente airoso. Os que tinham responsabilidades directas no seu êxito cumpriram-nas escrupulosamente; adiando entregas, não respondendo às tentativas de contacto da Casa Real, sugerindo calamidades nacionais e estrangeiras que supostamente afectavam a qualidade e distribuição do produto.
Os dias passaram-se e a semana completou-se. Do Rei Sérgio nem sombra. O povo preocupava-se. O Mordomo dele pouco soubera dizer aquando das rápidas visitas em que orientara o essencial dos preparativos para a festa. Chegou a noite e o povo todo de PangeiaXXI reuniu-se na grande praça. Comeu-se e sobretudo bebeu-se Super sob todas as suas variedades. O povo animava-se e tudo corria pelo melhor mas o objectivo do plano não parecia atingível; na Casa Real as portas e janelas apresentavam-se desoladoramente fechadas. Já todos lamentavam a recusa Real, defendendo no entanto que a ideia da festa tinha sido muito boa e que talvez se pudesse repetir, quando no lugar à mesa até então ocupado pelo Mordomo, e como que numa transformação mágica, surgia o Rei Sérgio. Por entre os imediatos e efusivos exultos o povo compreendeu que o Mordomo era o Rei Sérgio, e que fora obra dele a estratégia de aproximação. Surpresos uma vez mais pela delicada habilidade social do seu governante e comovidos pela beleza do gesto Real o bom povo de Pangeia XXI ria e chorava de felicidade com o seu monarca. Quando a altas horas da manhã o sol se levantava em PangeiaXXI o sol levantava-se de facto em PangeiaXXI. As palavras fluíam com naturalidade, como o espirituoso elixir fluíra naquela noite. Por sábia decisão Real, daí em diante, o precioso elixir foi elevado à categoria de produto de interesse nacional. E PangeiaXXI voltou a ser para o que fora destinada.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Estarão os pangeios cheios?- II

Passou-se um dia e uma noite sem que o clamor do povo, reunido frente à Casa Real, obtivesse qualquer tipo de reacção. Às primeiras horas da manhã as vozes começavam a esmorecer e passado algum tempo um silêncio transparente como o límpido ar matinal de PangeiaXXI imperava. Depois, pouco a pouco, como se de um longo devaneio acordassem, as vozes ressurgiam, mas tornando-se individuais, cada uma descobrindo o seu tom próprio. Elaboravam-se dúvidas, teciam-se juízos, procuravam-se soluções, opinava-se descabidamente; as vozes atropelavam-se. A turba insone mexia-se em múltiplas direcções, de modo descoordenado, submersa num inédito sentimento colectivo de irracionalidade Foi então que alguém sugeriu que se consultasse o mais reputado adivinho de PangeiaXXI, ele decerto saberia interpretar o silêncio do Rei Sérgio. A desilusão não poderia ter sido maior. O adivinho deu-lhes a resposta de um sábio. Disse-lhes que se num sistema totalitário se pode exercer a censura numa sociedade aberta não se pode forçar o discurso de ninguém, governante ou governado. Desconfiada do que lhe fora dito, como um grande cardume à procura de alimento num oceano de incerteza, a multidão procurou um constitucionalista, com o intuito de tentar obrigar legalmente o Rei Sérgio ao que julgavam ser as suas obrigações elocutórias. Este não os conseguiu ajudar no que pretendiam já que no essencial concordava com o adivinho, e afirmou que segundo a constituição de PangeiaXXI as incumbências de representatividade do Rei Sérgio eram muito escassas, o que tornaria muito difícil obrigá-lo ao que quer que fosse. O bom povo sofria com a ausência do seu monarca. No meio do sofrimento colectivo vozes mais radicais falavam na possibilidade de destituição. Preparava-se seguramente o cenário para um levantamento geral quando um braço no meio da multidão nervosa se ergueu, pedindo que o escutassem. Alguém parecia ter um plano.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Estarão os pangeios cheios?

Pode-se dizer que PangeiaXXI é uma terra prometida. Nela tudo são aberturas e possibilidades, o sol nasce para todos e para todos se põe, ainda que não do mesmo modo nem à mesma hora. O Deus que a criou fê-la com o propósito de ser próspera e fértil em todos os âmbitos, e para tal dotou-a de um povo bom, ainda que algo inconstante. Perseguindo o mesmo propósito dotou ainda o mesmo Deus o mesmo povo com um Rei bom e justo, de entre todos os homens o maior defensor da paz. PangeiaXXI é assim por excelência uma terra de diálogo e partilha de horizontes em constante renovação. O Rei Sérgio sempre conseguiu fazer vir à tona o melhor nos seus fiéis súbditos, qual experimentado alquimista na difícil arte da depuração.
Apesar de todo este ambiente propício ao idílio, indo contra todas as probabilidades, não é que um dia o fantasma do silêncio, qual grande nuvem que sinistramente encobre o mais promissor sol primaveril, se abate sobre PangeiaXXI? O Rei Sérgio não conseguindo compreender a situação, já que a mera possibilidade dos pangeios estarem cheios (de PangeiaXXI) vai contra toda a concepção racional do universo e do sentido das coisas, é tomado de uma inquietação cada vez mais recorrente, e sendo ele a mais perfeita imagem da liberdade, apanágio supremo de PangeiaXXI, respeitando talvez a vontade dos seu súbditos, condena-se a si próprio ao silêncio. Depois de dias e dias de silêncio Real, o bom povo, então estranhamente embrutecido, sente-se agora desamparado; é então que num movimento espontâneo de comoção colectiva o povo sai para a rua, dirigindo-se ao seu amado governante com as seguintes uníssonas palavras nos lábios: Bom Rei, volta, de novo, para o teu Bom Povo!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Voltei, voltei, voltei de lá...

Na verdade, já voltei há cinco dias, mas a família e os amigos ainda são mais importantes do que este blog.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Vou partir naquela estrada...

A tempestade que, há dois dias, deixou 1100 aviões em terra no Texas anda por estas bandas...

I hope to see y'all soon!

domingo, 17 de fevereiro de 2008






O centro da cidade, o coração financeiro de toda uma região entre Atlanta e Philadélfia, e sede da maior instituição financeira da América - o Bank of America, com o seu colossal arranha-céus - estava com o ritmo próprio de um fim-de-semana: turistas com as suas máquinas fotográficas (eu incluído), famílias em passeio, yuppies a beberem um copo de vinho ou uma cerveja numa das muitas esplanadas. E devo dizer que, enquanto lá estive, me senti na outra América, não mais na América rural, mas na América do Grande Capital.