Introdução

Pretende este blog voltar a unir continentes, pelos quais se encontram distribuidos amigos de longa data. Da China aos EUA, da Austrália à velha Europa, será com um olhar Lusitano que descreveremos os lugares e contaremos as histórias que fazem o nosso dia-a-dia, num mundo onde as diferenças jamais separam pessoas.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Estarão os pangeios cheios?- II

Passou-se um dia e uma noite sem que o clamor do povo, reunido frente à Casa Real, obtivesse qualquer tipo de reacção. Às primeiras horas da manhã as vozes começavam a esmorecer e passado algum tempo um silêncio transparente como o límpido ar matinal de PangeiaXXI imperava. Depois, pouco a pouco, como se de um longo devaneio acordassem, as vozes ressurgiam, mas tornando-se individuais, cada uma descobrindo o seu tom próprio. Elaboravam-se dúvidas, teciam-se juízos, procuravam-se soluções, opinava-se descabidamente; as vozes atropelavam-se. A turba insone mexia-se em múltiplas direcções, de modo descoordenado, submersa num inédito sentimento colectivo de irracionalidade Foi então que alguém sugeriu que se consultasse o mais reputado adivinho de PangeiaXXI, ele decerto saberia interpretar o silêncio do Rei Sérgio. A desilusão não poderia ter sido maior. O adivinho deu-lhes a resposta de um sábio. Disse-lhes que se num sistema totalitário se pode exercer a censura numa sociedade aberta não se pode forçar o discurso de ninguém, governante ou governado. Desconfiada do que lhe fora dito, como um grande cardume à procura de alimento num oceano de incerteza, a multidão procurou um constitucionalista, com o intuito de tentar obrigar legalmente o Rei Sérgio ao que julgavam ser as suas obrigações elocutórias. Este não os conseguiu ajudar no que pretendiam já que no essencial concordava com o adivinho, e afirmou que segundo a constituição de PangeiaXXI as incumbências de representatividade do Rei Sérgio eram muito escassas, o que tornaria muito difícil obrigá-lo ao que quer que fosse. O bom povo sofria com a ausência do seu monarca. No meio do sofrimento colectivo vozes mais radicais falavam na possibilidade de destituição. Preparava-se seguramente o cenário para um levantamento geral quando um braço no meio da multidão nervosa se ergueu, pedindo que o escutassem. Alguém parecia ter um plano.

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