Introdução

Pretende este blog voltar a unir continentes, pelos quais se encontram distribuidos amigos de longa data. Da China aos EUA, da Austrália à velha Europa, será com um olhar Lusitano que descreveremos os lugares e contaremos as histórias que fazem o nosso dia-a-dia, num mundo onde as diferenças jamais separam pessoas.

sábado, 11 de outubro de 2008

Flashback 2

E, dia 10 de Agosto, regressei a Hartsville. A noite anterior, passada na nossa casa da Amorosa, passei-a em claro. Todos os momentos desfrutados nos dois meses anteriores vinham-me à memória e condensavam-se em sucessões de instantes que, de tão carregados de sentimentos e sensações, me impediam de adormecer; como se o cérebro me dissesse que, se o fizesse, poder-se-iam perder para sempre. Os meus pais, os meus irmãos, a minha cunhada, a minha avó e tia avó, os meus primos e tios, os meus amigos com quem tinha estado, os meus amigos com quem não tinha chegado a estar (inércia, a quanto obrigas...), os meus pais outra vez, os meus irmãos..., até aquele vinco no sofá da sala ou o mosquito que teimava em picar-me, me voltavam a ensinar que a expectativa da saudade é sempre mais forte do que a saudade em si, que o momento antes da partida pode ser tão doloroso como qualquer outra perda. Umas horas depois estava no avião (esse não-lugar por excelência, onde a vida parece ficar em stand-by até ser retomada noutro sítio qualquer) e tudo recomeçava.
Cheguei a Charlotte por volta das quatro da tarde, e meia hora depois voltei a encontrar o Daniel e a Celine. Às sete já estava em Hartsville. Um telefonema para casa, as malas mais ou menos desfeitas, e mais uma noite mal dormida. No dia seguinte ligava o computador e o skype voltava a ser o meu melhor amigo.
O início do ano lectivo foi completamente diferente do anterior. Todas as reuniões na semana que antecedeu o início das aulas propriamente ditas foram de uma monotonia só quebrada pelos arrepios de frio proporcionados por um ar condicionado exageradamente frio. Já sabia aquela treta toda. As novidades nos procedimentos escolares apresentadas para este ano eram mínimas. Estava pronto para receber os novos alunos. E, antes que dissesse "porra, vamos lá despachar essa merda!", já tinha 85 novas caras à minha frente. Completamente diferentes, estes alunos (ou este professor) em relação aos do ano passado. Agora posso dedicar-me mais a melhorar a qualidade das minhas aulas. E continuar a aprender. Foi para isso que para cá vim.
Quer dizer, não só! Se estou na América, devo aproveitar para conhecer a América. No entanto, já me tinha apercebido no ano anterior que, se o quisesse fazer, não poderia contar com a malta de Hartsville (mesmo aqueles que estão abaixo da média etária dos 150 anos). Aqui, a ideia de socialização tem obrigatoriamente de passar por um blood drive, um food drive, um bake sale ou uma outra qualquer iniciativa de angariação de fundos para a igreja X, a associação de beneficiência Y, ou o catano mais velho Z. Nada contra, mas... porra! Será que o prazer de estar com outras pessoas não é uma virtude em si mesma? Não, num país contruído com base na noção individualista do self made man, num país de estados sem providência, onde a idéia de comunidade e todo este tipo de merdas servem de contraponto, nomeadamente à sua consciência.
Mas há males que vêm por bem e assim, depois de contados e recontados os trocos, meti-me num avião e fui ter com o Miguel, que estava de visita a Nova Yorque. Foi no dia 11 de Setembro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Também fiquei com muitas saudades tuas Sérgio. É sempre muito bom ter-te cá e estar contigo, apesar de ter falhado aquelas férias no Algarve... Para o ano vamos mais duas!!