Introdução

Pretende este blog voltar a unir continentes, pelos quais se encontram distribuidos amigos de longa data. Da China aos EUA, da Austrália à velha Europa, será com um olhar Lusitano que descreveremos os lugares e contaremos as histórias que fazem o nosso dia-a-dia, num mundo onde as diferenças jamais separam pessoas.

domingo, 17 de fevereiro de 2008






O centro da cidade, o coração financeiro de toda uma região entre Atlanta e Philadélfia, e sede da maior instituição financeira da América - o Bank of America, com o seu colossal arranha-céus - estava com o ritmo próprio de um fim-de-semana: turistas com as suas máquinas fotográficas (eu incluído), famílias em passeio, yuppies a beberem um copo de vinho ou uma cerveja numa das muitas esplanadas. E devo dizer que, enquanto lá estive, me senti na outra América, não mais na América rural, mas na América do Grande Capital.

Ida a Charlotte


Ontem decidi pegar no carro e ir dar uma volta. "Até parece que é uma grande coisa!", pensarão vocês. "se eu tivesse na América pegava no carro todos os dias!", acrescentarão outros. Mas a verdade é que, para quem ainda não tem carta de condução americana e o carro devidamente registado na Carolina do Sul, devido a incompatibilidades provocadas pelo meu gigantesco nome nas bases de dados da homeland security e social security, o risco de conhecer em profundidade o sheriff's office de uma terriola qualquer é directamente proporcional ao tempo que passo na estrada. Mas adiante. Decidi pegar no carro e, como faço amiúde em Braga, ir sem destino... No final da Carolina's Avenue decido-me a virar a Norte e, quando dou por ela (hora e meia depois) já estou na Carolina do Norte."Já agora vou tomar um café a Charlotte!" Foi o que fiz. Depois de quarenta minutos numa autoestrada, em linha recta, cheia de semáforos e superfícies comerciais e trânsito lá vislumbro a capital financeira do meu estado vizinho.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Procedimentos





O toque de entrada é às 8 da matina. Eu já lá estou há 20 minutos, pelo menos. Há sempre umas fotocópias para tirar e o mail interno da escola para consultar. Os alunos começam a entrar na sala de aula e 5 minutos depois um outro toque é ouvido. Tranco a porta, como é devido. Qualquer aluno que queira agora entrar poderá fazê-lo, mas não sem receber um "lunch detention", pelo que no dia seguinte almoçará numa sala, com um professor, onde não poderá abrir a boca senão para comer uma sande. Dois minutos depois o intercomunicador começa a falar. É o director ("pricipal", por estas bandas) que oficializa o começo do dia escolar. Há meia hora atrás já um grupo de alunos, devidamente uniformizados, erguiam a bandeira na entrada da escola. Começa com um "bom dia", relembra a data, e pede aos alunos para se levantarem. As mãos direitas deveriam ir de encontro aos peitos, mas quase ninguém o faz: "I pledge allegiance to the Flag of the United States of America, and to the Republic for which it stands, one Nation under God, indivisible, and with liberty and justice for all." Na verdade, os alunos encaram este momento como mais um ritual quotidiano, sem qualquer significado especial. Deveriam todos repetir estas palavras em uníssono, mas é muito raro ouvir alguém fazê-lo. E não vou ser eu que os vou obrigar, muito embora faça questão que se levantem e fiquem em silêncio. Segue-se a Hartsville pledge of honor (ver foto). Muito recentemente, o Director pediu a todo o professorado que explicasse, palavra por palavra (literalmente), o significado desta frase, numa tentativa de evitar que este momento se torne naquilo que há muito tempo (ou desde sempre) é, mas a boa vontade de todos não foi suficiente para alterar o que quer que fosse. Os 15 segundos seguintes são de introspecção, em silencio e ainda de pé, se bem que quase todos começam a cambalear para os seus lugares. Chegam os anúncios e recomendações do dia: os professores são relembrados a fazerem cumprir as normas de identificação e vestuário: quem não tiver identificação ou tiver a camisa de fora das calças receberá também um "lunch detention". Tudo em nome da segurança dentro do campus. Depois dos resultados dos jogos escolares de basket ou futebol da noite anterior vem o "thought of the day", geralmente uma breve notícia ou um acontecimento histórico que é aproveitadopara fazer mostrar que o futuro de cada um depende, em cada momento da vida, das escolhas que se fazem nesse instante. É precisamente nesta ideia que se cristaliza toda a filosofia da escola, e a sua aplicação por parte dos alunos é, a existir, o objectivo comum que toda a "faculty" deverá incorporar.
São quase 8:15h e está a chegar a altura de eu entrar em cena. Falta só a deixa, em forma de grito de guerra: "the choice is yours. Go Foxes!". O intercomunicador cala-se e a aula começa.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Porto, século XXI

O Porto é uma cidade no norte de Portugal. É um pouco menos a norte que Braga e um pouco mais a norte que Lisboa. A capital. O Porto é uma cidadezinha industrial, tida como a terceira ou quarta cidade do país, dado que existe um fosso entre a primeira (Lisboa) e o próprio Porto, um fosso de duas ou três cidades. O Porto é uma cidade pequena, vivem lá poucas pessoas, e à noite ainda parecem menos. É governada por um presidente (aqui não chamamamos mayor mas maior) que se chama Rui Fernando da Silva Rio e tem fechado algumas coisas aqui no Porto. Ou pelo menos tem estimulado muito a que se feche: cinemas, mercados, teatros. O Porto no século XXI tem muitos centros comerciais, de vez em quando tem uma árvore de Natal gigante no centro, e uma cintura de bairros sociais que muito socialmente cercam a cidade. Os bairros continuam sociais e a cidade teima em continuar bairro. Agora o Porto (como disse, a terceira ou quarta cidade mais importante do país, sem ninguém a ocupar o segundo ou terceiro lugar) agora, no século em que falo, tem metro. O metro mudou a cidade e as cercanias. O tempo de viagem mudou o tempo da cidade. Agora chega-se mais depressa a mais longe. Como a mudança foi recente, também é grande e quotidiana a surpresa. O Porto do século XXI é também feito por pessoas do século XXI por isso existem muitos espaços (bares, associações ou bares que são associações ou associações que são bares) alternativos, ou seja, pequenos pontos onde gente com ânimo de fazer coisas faz coisas, talvez muitas pequenas coisas, mas coisas. Este, num apontamento rápido, é o Porto hoje.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Ida a Columbia





Em virtude de um workshop proporcionado pelo VIF Program (o programa americano que me trouxe para cá, bem como umas boas centenas de outros professores do resto do mundo) tive a oportunidade, na última Sexta-feira, de tirar umas fotos à capital da Carolina do Sul.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Acho que não quero ser um Blogger

Ainda numa de introdução devo dizer que esta cena da blogosfera é nova para mim. Este é apenas o meu segundo post. No entanto apetece-me dizer: acho que não quero ser um blogger. O que é que eu hei-de fazer? Esta coisa de se ser um Blogger anda-me a irritar. Blogger para aqui, Blogger para ali e para acolá. Para entrar e para sair, para postar, para ter um perfil e salvar, para visualizar, para isto e para aquilo. Blá Blá Blá. Pode parecer que já estou a desistir deste blog, que esta se trata de uma atitude precipitada ou tonta. Mas não, nenhuma delas. Nem se trata da mania de se ser do contra ou de uma tendência para inventar problemas (eu prefiro pensar que se trata de antecipar). Proponho uma alternativa: quero ser um postador. Soa mais a lenhador ou a pescador, profissões nobres e antigas, segundo sons aos quais o ouvido está bem habituado. Assim:

- para o postador não há qualquer diferença entre a realidade e a ficção; tudo é vida e tudo é amor
- o postador atira barro à parede, a ver se cola, mas também a ver se cai
- para o postador é mais importante a proposição do que o estilo (será?) e impensável que a sua enxada possa ser nacionalizada
- o postador não tem, portanto, uma agenda (mas usa caderno de notas), está em todo o lado e por força maior em nenhum em particular
- naturalmente para se ser um postador não tem de se viver em Braga, tal como para se ser um pastor não é preciso viver no campo nem tampouco guardar animais
- o postador contraria o acto de postar (até não aguentar mais)
- o postador também come postas
- ao contrário de Senhor Professor ou Senhor Doutor, o Senhor não vai bem com Postador

Dito isto espero as vossas reacções e sugestões. Postadores of the world unite!